O oftalmologista garante que só nos primeiros meses é que se mantém essa movimentação da lente. “Ao fim dum ano torna-se uma lente unifocal, ou seja, não foca para várias distâncias porque a mobilidade, com o tempo, vai-se perdendo dentro do olho.”
Já as multi-focais dependem do desenho da lente e não da sua mobilidade dentro do olho. “Cerca de 75 a 85 por cento dos cirurgiões da presbiopia (cirurgia para corrigir a “vista cansada”) usam lentes multi-focais, distribuindo-se os restantes 15 por cento por outros métodos que têm existido mas que não têm provado uma eficácia duradora.”
Mesmo assim esta não é uma solução universal. O cirurgião tem de encontrar uma solução criteriosa para cada pessoa. Os custos também são elevados e por isso as decisões devem ser muito bem ponderadas por cirurgiões experientes neste campo.. Actualmente, operam-se cerca de 50 mil cataratas por ano, ao passo que a colocação de lentes multi-focais não chega aos dez por cento.
“Portugal não fica atrás de nenhum país de primeira linha, europeu ou americano”, assegura Armando Garcia para se congratular com o facto dos congressos europeus estarem cheios de médicos americanos. E justifica: “A Europa tem nomes na vanguarda da investigação.”
Mitos mais frequentes
Ainda hoje há quem pense que o olho tem de cegar para ser operado, um mito que é transversal na sociedade portuguesa e que também envolve profissionais de saúde e não só. “O risco em que se incorre ao extrair uma catarata já muito dura é incomparavelmente maior, para além da pessoa perder qualidade de vida e de visão durante muitos anos”, afirma o oftalmologista para defender que este mito tem de ser rapidamente combatido.
Igualmente transversal é a incidência da catarata na idade. Pode surgir à nascença (congénita), em crianças, jovens e jovens adultos, embora se registe um aumento de incidência a partir dos 50 anos, faixa etária em que, nas sociedades evoluídas, se regista um aumento no número das cirurgias.
E exactamente porque pode surgir em todas as idades, há mulheres que são operadas às cataratas muito jovens. Quando ficam grávidas pensam que a gestação lhes vai alterar, de uma forma significativa, a miopia, e outras há que pensam que não podem ter os filhos de parto normal por causa do esforço de dar à luz. “São tudo mitos. As pessoas têm de ser informadas que tudo isto não faz sentido!”, conclui Armando Garcia.
Texto: Palmira Correia
Maio 2011
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